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Afinal, nutrição parenteral faz sentido no pré-operatório?

O trauma cirúrgico tem implicações no metabolismo do paciente. Com isso, é fundamental adequar as condutas para garantir a manutenção do estado nutricional adequado do indivíduo que está passando pela intervenção. Sendo assim, vale sempre repassar o que uma das principais diretrizes1 obtidas a partir das melhores evidências, trazem a respeito do manejo nutricional, incluindo a nutrição parenteral no pré-operatório.

Desse modo, diante do grande volume de internações para procedimentos cirúrgicos, a utilização correta da terapia nutricional pode gerar avanços positivos nos desfechos clínicos e um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.

 

Quais os benefícios gerais da prescrição de terapia nutricional pré-operatória?

Como destacado, a partir do momento em que o estado nutricional interfere no resultado pós-operatório, faz sentido que sejam introduzidas terapias que visem estabelecer uma melhor condição para esses pacientes enfrentarem um trauma como a cirurgia. Geralmente, quanto maior for o comprometimento do estado nutricional, maiores serão os riscos do desenvolvimento de complicações e de morbimortalidades, o que também envolve aumento nos custos hospitalares2,3 Essa dinâmica se acentua em pacientes idosos.4

A avaliação do risco nutricional pré-operatório deve ser feita, preferencialmente, por meio da ferramenta NRS-2002 (Nutritional Risk Screening), que tem um importante papel como preditora de complicações no pós-operatório.5

Em geral, a manutenção de um estado nutricional adequado no pré-operatório melhora os desfechos obtidos, embora a maior parte dos resultados mencionados nos estudos envolvem pacientes que passaram por cirurgias no trato gastrointestinal ou na região da cabeça e pescoço, devido à presença de tumores.6,7

 

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Em que circunstâncias a nutrição parenteral é recomendada?

As indicações gerais de terapia nutricional parenteral englobam prescrições em períodos que variam de 5 a 10 dias antes da data da cirurgia eletiva. A via preferencial deve ser sempre a oral, com suplementos proteicos. Quando isso não for possível, deve-se utilizar as vias enteral ou parenteral.6,7

Nos quadros em que a ingestão via oral de energia e nutrientes não for capaz de suprir pelo menos 50% das necessidades mínimas diárias por, ao menos 7 dias, pode ser feita a introdução de terapia nutricional combinando a via enteral e a parenteral, se necessário.8

Se houver contraindicação para a nutrição enteral, o uso exclusivo da via parenteral é indicado. É o acontece, por exemplo, nos casos de obstrução intestinal, íleo, isquemia intestinal, hemorragias graves do trato gastrintestinal e fístulas de alto débito.8 Pacientes para os quais temos dúvidas quanto à adequação da função gastrintestinal devem receber nutrição via parenteral.10

 

Que outros cuidados devem ser observados na nutrição pré-operatória?

A nutrição parenteral, mediante avaliação cuidadosa, não só faz sentido, como é estratégia recomendada para redução de riscos no pós-operatório para pacientes nos quais outras vias são inviáveis ou incapazes de fornecer a energia e os nutrientes necessários.

Pacientes submetidos a cirurgias de grande porte ou sob alto risco de complicação podem receber imunonutrientes nas fórmulas administradas, por exemplo.  Tal cuidado pode modular e melhorar a resposta imunológica e favorecer o processo de cicatrização.11

No mais, as evidências apontam que eventuais períodos de jejum antes das cirurgias não devem ser prolongados. Na maior parte dos casos, eles devem limitar a restrição de alimentos sólidos entre 6 e 8 horas antes da administração da anestesia. Suplementos proteicos líquidos (em geral, à base de maltodextrina) podem ser ingeridos com até 2 horas de antecedência, salvo presença de retardo no esvaziamento gástrico ou em procedimentos de emergência.1

Portanto, a nutrição parenteral no pré-operatório, com todos os cuidados necessários para manutenção de um estado nutricional adequado, pode ser fundamental para a redução do risco em diferentes perfis de pacientes. Por outro lado, é importante acompanhar o que dizem as diretrizes1,8 a respeito do manejo apropriado também no pós-operatório, minimizando a chance de complicações nesse período.

 

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