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Como funciona a relação entre calorias e proteínas na nutrição parenteral?

A nutrição parenteral (NP) garante ao paciente a energia e os nutrientes necessários para manutenção dos sinais vitais e para reparação e crescimento celular e tecidual.  Ainda que essas necessidades variem de caso a caso, é sempre importante ficar atento à relação entre calorias e proteínas.

Fatores que devem ser levados em conta nesse cálculo incluem a condição do paciente, seu estado nutricional, as doenças de base, seu estado metabólico, entre outros. Mesmo assim, há várias dificuldades nessas estimativas, que precisam ser observadas com cuidado, sob o risco de gerar complicações. Nos tópicos abaixo, mostramos algumas diretrizes básicas a serem consideradas para esses macronutrientes na Nutrição Parenteral.

 

Qual a ingestão adequada de calorias?

Hill et al.1, por meio de uma revisão de literatura, apontam que os principais guias recomendam o cálculo das necessidades nutricionais através da calorimetria indireta. Avanços nessas técnicas e o desenvolvimento de novos dispositivos podem aumentar a sensibilidade e a precisão dessa estimativa.

Duas metanálises publicadas em 2021 mostram que a utilização da calorimetria indireta para determinação das necessidades nutricionais do paciente está associada a menores taxas de mortalidade no curto prazo7,8. Portanto, isso deve estimular o uso dessa forma de cálculo.

Por outro lado, fórmulas que consideram o peso também podem ser empregadas, caso não haja possibilidade de fazer a calorimetria indireta. Assim, a recomendação da maioria das diretrizes estima necessidades calóricas que variam entre 24 e 30 kcal/kg/dia2 3 4 ,

 

Qual a ingestão adequada de proteínas?

Já em relação às proteínas, a maior parte das diretrizes tem recomendações que variam entre 1 e 2 g/kg/dia2,3,4. Porém, a influência da quantidade de proteína no desfecho de pacientes críticos também tem sido discutida de forma controversa nos desfechos de estudos clínicos5,6.

Uma metanálise de 14 ensaios clínicos randomizados não apresentou relação na quantidade de proteína fornecida com reduções de mortalidade, de necessidade de ventilação mecânica, infecções e duração da internação9.

 

Leia mais: Entenda a importância das dosagens adequadas para a nutrição parenteral

Qual o cálculo da relação calorias x proteínas?

Até aqui vimos que, embora haja controvérsias, as melhores evidências indicam que a oferta de calorias deve ser limitada a um número que varia entre 24 e 30 kcal/kg/dia. Já as proteínas devem seguir a recomendação entre 1 e 2g/kg/dia.

Contudo, o cálculo de consumo calórico e fornecimento adequado de proteínas na nutrição parenteral não se encerra nesse ponto. É necessário garantir também o fornecimento de outros nutrientes, como carboidratos e lipídios, na proporção correta dentro da demanda energética.

Assim, a recomendação é, após determinar a ingestão de calorias necessárias, definir a quantidade de proteínas, dentro das diretrizes mencionadas mais cedo. Leve em conta que, em média, cada grama desse macronutriente fornece 4 kcal.

Em seguida, a fórmula deve ser complementada com os carboidratos e os lipídios necessários até garantir o suprimento total de calorias, respeitando os limites de cada nutriente e salvo orientações em contrário devido a condições clínicas específicas do paciente.

Além disso, em todos os casos, é preciso considerar também as chamadas calorias não-nutricionais. Alguns medicamentos (como, por exemplo, o propofol) podem contribuir de forma significativa com a oferta de calorias. Em uma análise retrospectiva, concluiu-se que uma infusão de propofol de 20 ml/h corresponde, em média, a 17% da ingestão diária de calorias10.

Por fim, além da avaliação cuidadosa na relação entre calorias e proteínas junto aos demais macro e micronutrientes, o monitoramento e reavaliações constantes na evolução de cada quadro são fundamentais para a implementação de ajustes que podem evitar deficiências nutricionais ou outras complicações.

 

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