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O que você precisa saber sobre a indicação de nutrição parenteral

A correta indicação da nutrição parenteral (NP) envolve uma avaliação de diversos aspectos a respeito da condição clínica do paciente e uma série de cuidados com a composição e a administração da fórmula.

Os parâmetros modernos da nutrição parenteral foram implementados a partir dos anos 60 e, desde então, há uma série de diretrizes que aumentam as chances de melhores desfechos. Por isso, neste artigo vamos repassar alguns pontos chave, abordando qual a função da NP, em que situações existe a indicação e quais as diferenças entre as vias de acesso.

 

A função da nutrição parenteral

A nutrição parenteral tem como objetivo suprir parte ou integralmente as necessidades nutricionais do paciente. Ela pode ser parcial (quanto fornece apenas partes dos nutrientes) ou total (quando o suprimento das necessidades nutricionais é completo, feito exclusivamente pela nutrição parenteral).

As fórmulas de nutrição parenteral são compostas por combinações de glicose, aminoácidos, eletrólitos, vitaminas, minerais, oligoelementos e emulsões lipídicas. Ela é fornecida ao paciente por meio de um cateter conectado ao sistema venoso central ou periférico.

As soluções de nutrição parenteral são preparadas em ambientes estéreis. Normalmente, a primeira opção é por fórmulas padronizadas. Contudo, elas podem ser modificadas sempre com base em dados laboratoriais a respeito da condição clínica do paciente, da sua evolução, de doenças de base, entre outros fatores como a avaliação precisa de uma equipe especializada em terapia nutricional.

 

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Em que situações existe a indicação de nutrição parenteral?

Em linhas gerais, a nutrição parenteral é recomendada quando não há tolerância à nutrição enteral. Assim, ela é indicada para pacientes cujo funcionamento gastrointestinal está comprometido3.

No mais, nessas condições, sua introdução deve ser avaliada sempre que há risco de desnutrição ou quando a desnutrição já está presente. Esse conceito deve ser compreendido como estado agudo ou crônico, com ou sem atividade inflamatória, que leva a uma mudança na composição corporal e à redução das suas funções1.

A ESPEN (European Society for Clinical Nutrition and Metabolism) define desnutrição como  Índice de Massa Corporal (IMC) menor igual a 18,5 kg/m2. Esse quadro pode ser resultado tanto de inanição quanto do estado clínico em si.

Fora tais condições críticas de desnutrição e para os pacientes com comprometimento gastrointestinal, é possível apontar situações específicas para a introdução da nutrição parenteral. As principais delas são3:

 

  • Interferência de doença de base em ingestão, digestão ou a absorção dos alimentos;
  • Falência intestinal devido a: íleo paralítico e mecânico (pós-operatório);
  • Trauma que requeira vários procedimentos cirúrgicos;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Ressecção intestinal (síndrome do intestino curto);
  • Pacientes pediátricos neonatos;
  • Colite ulcerativa complicada ou em período perioperatório;
  • Hemorragia gastrointestinal persistente;
  • Abdome agudo/íleo paralítico prolongado.

 

Contraindicações

Ao mesmo tempo, há contraindicações que fazem com que o uso da nutrição parenteral não seja indicado. Entre elas estão3:

 

  • Quando o risco excede o potencial benefício;
  • Hemodinâmica instável;
  • Insuficiência cardíaca crônica com retenção hídrica (salvo pacientes em que a nutrição enteral se mostrou inefetiva);
  • Insuficiência renal crônica (salvo pacientes com perda calórico-proteica intensa ou com graves alterações gastrointestinais).

 

 

As vias de acesso para a nutrição parenteral

Por fim, a via de acesso ao sistema venoso para fornecimento da nutrição parenteral deve levar em conta o principalmente o período de manutenção da terapia. Além disso, é preciso considerar em que local a administração será feita e as características da solução utilizada.

De forma geral, o acesso venoso central é priorizado em indicações de NP por períodos superiores a 15 dias4. Nesses casos, os locais mais comuns para a inserção são veias subclávias, jugulares internas e femoral. Para períodos ainda maiores ou em caso de nutrição parenteral domiciliar, o cateter pode ser semi ou totalmente implantável5.

Os acessos periféricos são indicados para terapias mais curtas. Com eles, a inserção é mais fácil e o risco de infecção é menor. Por outro lado, há limitação em relação à osmolaridade da fórmula, que não pode ultrapassar os 850 mOsm/L. Para alcançar o sistema vascular, é utilizado um scalp nas extremidades da parte superior do corpo5.

Em todo o caso, além de seguir de forma detalhada a indicação da nutrição parenteral, é fundamental fazer o monitoramento para possíveis complicações. Entre as mais comuns estão infecções relacionadas ao cateter, desequilíbrios metabólicos, alterações glicêmicas, minerais e eletrolíticas, além de efeitos hepáticos e biliares4.

 

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