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Qual a importância dos lipídios na nutrição do prematuro?

A nutrição parenteral (NP) de pré-termos representa um grande desafio clínico, embora seja fundamental para garantia da saúde, inclusive em longo prazo. Nesse contexto, entre outros micros e macronutrientes, a presença dos lipídios na nutrição do prematuro é essencial para desenvolvimento e a prevenção de uma série de intercorrências.

Ainda assim, os parâmetros de recomendação para a introdução dos lipídios variam de acordo com uma série de fatores, como mostram vários estudos. Além disso, há sempre a preocupação com a oxidação, que pode ser agravada na presença desse nutriente.

Diante disso, esses serão os tópicos abordados ao longo deste artigo. Prossiga com a leitura!

 

A importância dos lipídios na nutrição parenteral para prematuros

Os lipídios são uma fonte-chave para o suprimento de energia para o crescimento do pré-termo. Os ácidos graxos essenciais também são indispensáveis para o desenvolvimento cerebral1. Ademais, esse nutriente atua como um importante componente de todos os fosfolipídios das membranas celulares e é um veículo para as vitaminas lipossolúveis.

Com isso, emulsões de lipídios estão relacionadas a desfechos positivos em aspectos do neurodesenvolvimento, bem como de medidas antropométricas como o crescimento linear, ganho de peso e circunferência da cabeça1.

A recomendação nutricional de lipídios na NP de pré-termos

Em geral, a recomendação é introduzir os lipídios na nutrição parenteral do prematuro logo após o nascimento, como demonstram Rizzo et al. em revisão bibliográfica publicada em 2022.1

Embora alguns autores não tenham demonstrado grandes diferenças nos principais desfechos com relação ao tempo de início para oferta de lipídios2, atrasar seu fornecimento via nutrição parenteral de pré-termos pode causar deficiência de ácidos graxos1.

Há evidências que a introdução precoce contribui em uma menor incidência de retinopatias2 e melhora no desenvolvimento neurológico3. Por outro lado, outros autores indicam eventual vínculo entre o fornecimento de lipídios logo após o nascimento com um risco maior do desenvolvimento de colestase4.

A recomendação do Guideline de Nutrição Parenteral em Pediatria da ESPEN/ESPGHAN/ESPR/CSPEN6 é que, como primeira escolha, sejam utilizadas emulsões lipídicas a 20% infundidas protegidas da luz. As emulsões lipídicas compostas, com ou sem o óleo de peixe, são preferidas em relação à emulsão com óleo de soja, que apresenta elevada concentração de ácido linoleico (50%).

 

Leia mais: Entenda a importância das doses adequadas na nutrição parenteral.

 

É indicado sempre começar de um patamar mais baixo (0,5 g/kg/dia, por exemplo). A partir disso, a progressão pode ser feita lentamente, de acordo com a tolerância do recém-nascido até a dose alvo (3,0 g/kg/dia). A recomendação é fazer essa evolução progredindo 0,5g/kg/dia. Doses máximas entre 3g e 4g/kg/dia foram consideradas seguras e efetivas.1,5,6

Essa conduta está relacionada a uma menor incidência de retinopatia e hipertrigliceridemia se comparados ao suprimento inicial com doses maiores de 2,0g/kg/dia e que alcançam o alvo em um período menor1.

Por fim, o uso da emulsões lipídicas compostas com óleo de peixe, oliva, soja e triglicerídeos de cadeia média (TCM) possibilita a melhora da razão de ômega 3/ômega 6, e relaciona-se com um menor risco de colestase e maior resistência à oxidação8.

No sentido oposto, emulsões lipídicas contendo uma alta proporção de ácidos graxos poli-insaturados estão mais suscetíveis a oxidação1. Tal condição pode provocar danos aos tecidos causados por radicais livres9,10,11

 

Os lipídios e o risco de oxidação

Vale reforçar que emulsões lipídicas são mais propensas ao estresse oxidativo causado pelos radicais livres. Esse aspecto precisa ser considerado de forma cuidadosa.

Devido a imaturidade do organismo do recém-nascido, a exposição de oxidantes via nutrição parenteral pode comprometer a saúde do pré-termo. O excesso de diferentes fontes oxidantes pode levar a doenças no fígado, displasia broncopulmonar, atrofia intestinal, enterocolite necrosante e retinopatia.12,13

Como já destacado, a composição da emulsão lipídica afeta o seu perfil de oxidação, ainda que poucos estudos confirmem isso, de acordo com Karthigesu e colaboradores (2021).7 Por isso, os mesmos autores apontam que a suplementação de antioxidantes e a manipulação das fórmulas de NP em ambiente adequado podem reduzir esse risco.

Assim, todos os benefícios dos lipídios na nutrição do prematuro serão assegurados, minimizando os riscos. Isso permite que a NP cumpra seu objetivo de assegurar o suprimento de todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento do recém-nascido.

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