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Saiba mais sobre o papel da nutrição parenteral em pacientes com câncer

Todos os anos, milhões de pessoas ao redor do globo são diagnosticadas com algum tipo de tumor, o que faz com que o câncer seja um dos principais problemas de saúde pública no mundo e uma das principais causas de morte precoce. No Brasilaponta que entre o triênio 2020-2022 serão identificados 625 mil novos casos de câncer a cada ano.1

Isso reforça a necessidade de cuidar e de acompanhar quem recebe um diagnóstico tão temido. Além do tratamento para combater o tumor em si, é importante observar de perto de que maneira questões metabólicas e nutricionais podem favorecer um curso positivo na evolução da doença. Nesse contexto, vale reconhecer o papel da nutrição parenteral em pacientes com câncer.

 

O estado nutricional de pacientes com câncer

A desnutrição é uma característica comum dos pacientes com câncer. Ela pode ser consequência tanto do próprio tumor, quanto do tratamento e suas consequências. Com isso, pacientes nessa condição sofrem prejuízos significativos na sua qualidade de vida e veem agravados efeitos colaterais atrelados à toxicidade dos tratamentos.2 É comum que pacientes oncológicos desenvolvam quadros de caquexia e sarcopenia, por exemplo.

Estimativas apontam que entre 10% e 20% dos pacientes com câncer morrem devido a problemas relacionados à desnutrição e não ao tumor em si.2 Desse modo, a nutrição do paciente deve ser encarada como crucial no tratamento multimodal do câncer.2

Assim, a abordagem do aspecto nutricional dos pacientes deve ser considerada desde o momento do diagnóstico. Por outro lado, é reconhecido que muitas dessas questões são deixadas de lado. Isso passa, por exemplo, por fazer uma triagem e avaliar todos aqueles que apresentam risco nutricional, desde o instante do diagnóstico e repetido conforme estabilidade do quadro clinico.2

 

 

A introdução da nutrição parenteral

A nutrição parenteral deve ser fornecida àqueles pacientes incapazes de atingir suas necessidades nutricionais por via digestiva ou ainda possuem alguma limitação ou contraindicação no uso do trato gastrointestinal.3 Quanto mais grave o quadro, mais precoce deve ser essa introdução. Além disso, pacientes que alcançaram quantidades inferiores a 60% das metas alimentares por via oral ou enteral por, ao menos, uma semana, devem receber nutrição parenteral de forma suplementar.4

De acordo com o  Consenso Nacional de Nutrição Oncológica desenvolvido pelo INCA, nessa situação, as calorias e proteínas ofertadas pelas duas vias (enteral e parenteral) devem ser somadas e o total não deve ultrapassar a meta calórica e proteica estimada.5

Adapatado de Hui D, Dev R, Bruera E. The Last Days of Life: Symptom Burden and Impact on Nutrition and Hydration in Cancer Patients. Curr Opin Support Palliat Care. 2015;9(4):346–54.

 

 

As recomendações nutricionais

De preferência, todo paciente oncológico deve ter sua necessidade energética aferida por meio de calorimetria indireta. Quando isso não é viável, equações preditivas podem ser utilizadas para estimar o gasto calórico desses pacientes.2

Ainda assim, esse é um desafio constante, uma vez que vários fatores (como inflamações, demanda energética do próprio tumor, cirurgia e disfunções provocadas por outras doenças) interferem na obtenção dos valores relativos ao gasto energético.4

Para a ingestão proteica, a recomendação também varia caso a caso. Ela pode oscilar de acordo com a condição clínica do paciente, estado nutricional e estadiamento do tumor. É preciso, por exemplo, garantir proteína o suficiente para retardar o comprometimento muscular promovido por inflamações e processos catabólicos, comuns em quadros oncológicos.

Pode-se estimar as necessidades desse nutriente a partir do gasto calórico total7, alcançando entre 10 e 15% das necessidades diárias.4 Desse modo, em média, a ingestão recomendada deve ser de no mínimo 1g/kg/dia e, se possível, de 1,5g/kg/dia.2 Cabe destacar que pacientes com caquexia se beneficiam de dietas hiperproteicas e hipercalóricas. Já pacientes com sarcopenia, a prioridade principal é a oferta proteica equilibrada e adequada, independentemente da terapia nutricional de escolha.

Diante de tudo isso, a nutrição parenteral em pacientes com câncer é um recurso valioso para promover um estado nutricional adequado durante o tratamento, possibilitando ao paciente uma maior chance de sobrevida e mais conforto ao longo de todo o processo. De qualquer forma, toda a forma de suporte nutricional deve ser avaliada levando em conta eventuais riscos, sempre com indicação e monitoramento profissionais adequados.

 

Aproveite e entenda a importância das dosagens adequadas na nutrição parenteral.

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