Qual a importância e quais os principais indicadores de qualidade em terapia nutricional?

Tão importante quanto fazer a avaliação e a triagem nutricional para mapear o risco de desnutrição nos pacientes, é assegurar que intervenções nutricionais sejam administradas e monitoradas conforme os principais indicadores de qualidade em terapia nutricional. Dessa forma, é possível garantir a segurança e a eficácia do recurso, otimizando o seu uso e avaliando constantemente os resultados obtidos.

Além disso, com esse cuidado, consegue-se estabelecer ações para aprimorar os padrões adotados na rotina de manejo daqueles pacientes que precisam de terapia nutricional. Isso é relevante principalmente quando se considera o impacto que tal intervenção tem no prognóstico de diversas condições.

A importância da qualidade na terapia nutricional

Como reforçam as diretrizes elaboradas em conjunto pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina¹, o conceito de qualidade pode ser definido como um conjunto de atributos que combinam excelência de nível profissional, uso eficiente de recursos, mínimo risco ao usuário e um alto grau de satisfação, de acordo com os valores sociais existentes^2,3. Portanto, a qualidade envolve a capacidade de um produto, processo ou atividade satisfazer uma necessidade do cliente e dos demais interessados¹.

Com isso, quando se pensa na garantia de qualidade de administração da terapia nutricional, é preciso considerar sempre, em todas as etapas do processo, ações que envolvem⁴:

Padronização de boas práticas;
Controle dos registros;
Ações preventivas e corretivas;
Acompanhamento de efeitos adversos;
Revisão e ajuste dos processos e objetivos do serviço de terapia nutricional.

A partir disso, o estabelecimento de saúde deve seguir parâmetros para avaliar a qualidade das atividades desenvolvidas em todas as etapas. Desse modo, quando se pensa na administração da terapia nutricional é preciso considerar o acompanhamento de protocolos destinados à⁵:

Avaliação de pacientes em risco nutricional;
Aquisição de insumos, ressaltando a segurança e análise de custo-efetividade das opções adotadas;
Orientações de intervenções de acordo com a condição clínica do paciente;
Correta administração da terapia nutricional;
Atuação diante de eventos adversos ou complicações.

Como não poderia deixar de ser, todas essas etapas podem ser avaliadas mediante a análise de determinados índices ou indicadores. Isso permite que sejam feitas comparações de acordo com diferentes condições, consulta a séries históricas pregressas e ainda uma análise cuidadosa dos resultados mais recentes para que melhores condutas sejam colocadas em prática.

A mensuração dos resultados via indicadores de qualidade

Um indicador é uma medida para avaliar o desempenho de um determinado processo ao longo do tempo⁶. Logo, os indicadores de qualidade permitem saber a resposta de um determinado protocolo em relação ao objetivo proposto⁷. A escolha dos indicadores na terapia nutricional deve se orientar por aspectos como^8,9:

O impacto para a doença/quadro daquilo que está sendo mensurado;
As necessidades identificadas conforme a população que está sendo atendida;
Disponibilidade de evidências científicas;
Possibilidade de comparação com outros estabelecimentos de saúde;
Política institucional.

Os indicadores podem ser classificados conforme sua finalidade: ou seja, para quantificar parâmetros gerais do recurso empregado, para mensurar a sua efetividade ou ainda os resultados alcançados. Assim, entre os indicadores comumente empregados para acompanhar a administração da terapia nutricional estão¹:

Porcentagem de pacientes submetidos a avaliação nutricional nas primeiras 24 horas;
Prevalência de pacientes com déficit ou risco nutricional;
Porcentagem de pacientes com volume de nutrição enteral ou parenteral infundido maior que 70% do prescrito;
Índice de efeitos adversos, como diarreia ou infecção do cateter venoso.

Diante disso, os indicadores mais recomendados são aqueles que avaliam o tempo de jejum antes da introdução da terapia nutricional, que acompanham a evolução do estado nutricional, mensuram o volume efetivamente infundido e que apontam a frequência de ocorrência de complicações como a diarreia¹.

Com os números em mãos, os profissionais de saúde podem atuar para promover melhorias nos processos de administração da terapia nutricional, reduzindo os riscos. Portanto, os indicadores de qualidade em terapia nutricional são ferramentas fundamentais na promoção de práticas mais efetivas e seguras.

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Referências:

Waitzberg, D. L., Enck, C. R., Miyahira, N. S., Mourão, J. R. P., Faim, M. M. R., Oliseski, M., & Borges, A. (2011). Terapia nutricional: indicadores de qualidade. Projeto Diretrizes, 1-11. Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_indicadores_de_qualidade.pdf Acesso em 05 abr. 2023.
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World Health Organization: The World Health Report 2000. Health Systems: Improving Performance. Geneva: WHO; 2000. Disponível emhttps://apps.who.int/iris/handle/10665/42281: Acesso em 05 abr. 2023.
Waitzberg DL, Mateos A, Verotti C. Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional: Aplicação e Resultados. São Paulo: ILSI Brasil; 2010 Waitzberg, DL. Indicadores de qualidade em terapia nutricional. 1ª ed. São Paulo: ILSI Brasil; 2008.
Zanon, U. Qualidade da assistência médico hospitalar: conceitos, avaliação e discussão de indicadores de qualidade. Rio de Janeiro: MEDSI; 2001.
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Rumo à excelência: critérios de avaliação do desempenho e diagnóstico organizacional – Prêmio Nacional da Gestão em Saúde. São Paulo: FNQ/CQH; 2006
Sá, J. S. M., & Marshall, N. G. (2014). Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional como ferramenta para avaliação da assistência nutricional em pacientes hospitalizados. Com Ciênc Saúde, 25(2), 127-40. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/Indicadores_de%20_qualidade_em_terapia.pdf Acesso em 05 abr. 2023.
Baker GR, Brooks N, Anderson G, Brown A, Mckillop I, Murray M, et al. Healthcare performance measurement in Canada: who’s doing what? Hosp Q 1998;2:22-6.
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