Suporte nutricional: benefícios do uso da glutamina em pacientes críticos
A glutamina (GLN) é o aminoácido não essencial de maior abundância no plasma1 e é também o substrato de preferência das células de divisão rápida como enterócitos e linfócitos2. Sendo assim, a glutamina tem papel fundamental na indução de vias de proteção celular e atua na modulação de resposta inflamatória3.
Contudo, a recomendação do uso da glutamina em pacientes críticos vem sendo objeto de estudo de diferentes pesquisadores, com intuito de avaliar, a partir da observação de marcadores inflamatórios, os benefícios que a suplementação poderia gerar aos pacientes.
É sobre isso que você ficará sabendo mais a partir da leitura deste conteúdo. Basta continuar a navegação!
Glutamina como parte da terapia nutricional em pacientes críticos
Partindo do princípio de que pacientes em condições graves, normalmente internados, têm alterações nas condições metabólicas e necessitam de maior aporte nutricional, autores distintos buscaram investigar a relação entre concentrações de glutamina e maior ou menor risco de mortalidade.
Pimentel e Fernandes se debruçaram em revisar 123 artigos que relacionavam o uso de suplementação intravenosa ou parenteral de glutamina em pacientes críticos cirúrgicos. Após a revisão de critérios, consideraram setes estudos para continuar a análise. A principal conclusão relaciona-se ao uso de glutamina parenteral e seu efeito protetor contra infecções durante a hospitalização de pacientes cirúrgicos, com incidência 40% menor nos casos que receberam a suplementação1.
Além disso, o uso de glutamina parenteral demonstrou:
- Eficácia na redução de hiperglicemia e uso de insulina em pacientes gravemente doentes2;
- Redução da expressão de IL-8 e proteína reativa C (PCR), influenciando na resposta inflamatória5;
- Redução de IL-6, melhorando a imunodepressão;
- Fortalecimento da barreira da mucosa gastrointestinal6;
- Redução da permanência na UTI em aproximadamente 4 dias1.
Uma outra revisão7, em que os autores avaliaram estudos do tipo caso-controle em pacientes internados em UTI recebendo suplementação via NE ou NP com glutamina, sugere a associação da suplementação com L-Glutamina e redução dos níveis de PCR.
Gholamalizadeh M. et al informam em seu artigo quealguns ensaios clínicos relataram que a ingestão de glutamina foi capaz de:
- Reduzir infecções nosocomiais;
- Reduzir infecções de cateter;
- Reduzir o tempo de internação hospitalar;
- Reduzir a mortalidade e a necessidade de ventilação mecânica.
Pode-se dizer ainda que pacientes com resposta inflamatória grave tinham baixos níveis de glutamina em comparação com pacientes com níveis de inflamação moderada8.
Leia também: Qual é a importância dos micronutrientes em nutrição parenteral?
Indicações de uso da glutamina em pacientes críticos
Conforme as recomendações da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), pacientes gravemente doentes podem receber doses adicionais, via enteral, de GLN (0,2-0,3 g/kg/d)4 nos primeiros cinco dias da terapia. Em caso de cicatrização de feridas complicadas, a administração pode ocorrer por um período de 10 a 15 dias.
Gostou desse artigo? Leia mais sobre Nutrição Parenteral aqui.