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Qual o impacto da desnutrição em pacientes no pré-operatório de doenças gástricas?

É relativamente conhecido o impacto da desnutrição em pacientes no momento do pré-operatório de doenças gástricas. Apesar disso, ainda que essa condição esteja associada a um maior risco de complicações no pós-operatório, não é raro que esse aspecto seja negligenciado pelos profissionais de saúde que conduzem todo o perioperatório2.

Logo, é indispensável entender o que caracteriza a desnutrição pré-operatória em quadros de doenças gástricas e como é possível atuar para mitigá-la, conforme orientam as diretrizes nacionais e internacionais. Com isso, é possível minimizar o risco de desfechos pós-operatórios indesejados.

 

Impacto da desnutrição pré-operatória

O risco de desnutrição pré-operatória é maior em pacientes oncológicos e candidatos à procedimentos cirúrgicos no trato gastrointestinal. Nesses casos, em média, 2 a cada 3 pacientes apresentam algum grau de desnutrição no período anterior à cirurgia3. A partir disso, é comum que indivíduos com quadro de desnutrição permaneçam mais tempo internados, registrem maior  mortalidade e elevem os custos hospitalares4-7.

Portanto, estudos bem desenhados e sociedades experientes no assunto recomendam o acompanhamento nutricional como mecanismo fundamental para a prevenção de uma série de complicações. Para isso, várias ferramentas e métodos podem ser utilizados para identificar e caracterizar pacientes desnutridos ou sob risco de desnutrição, que certamente são que mais vão se beneficiar da introdução de suporte nutricional em todo perioperatório.

No caso das cirurgias gástricas, é preciso ainda levar em conta que, pacientes com esses quadros podem, devido ao próprio curso da doença, apresentar estado nutricional prejudicado. É o que acontece, por exemplo, em pacientes com câncer gástrico, que, não raro, apresentam sinais de emagrecimento, anorexia, náuseas, vômitos, entre outros sintomas que prejudicam a manutenção de uma ingestão alimentar adequada7.

 

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Terapia nutricional nos pacientes com doenças gástricas

Em pacientes que se submeterão a cirurgias de médio e grande porte no aparelho digestivo, a terapia nutricional se mostra benéfica se introduzida entre 5 e 10 dias antes do procedimento, desde que ele não seja de emergência. Normalmente, são indicados suplementos proteicos, com a introdução de imunonutrientes nos pacientes de maior risco. Se a via oral não é possível, nutrição enteral ou parenteral podem ser necessárias1.

Outra recomendação essencial para a redução do risco nutricional pré-operatório envolve o período de jejum. Ele não precisa ser maior do que intervalos de 6 a 8 horas, para alimentos sólidos, antes da indução anestésica. Pacientes sem problemas com esvaziamento gástrico podem se beneficiar da oferta de líquidos ricos em carboidratos até duas horas antes do procedimento1.

No pós-operatório, desde que o paciente esteja hemodinamicamente estável, a realimentação por via oral ou enteral pode ser feita de forma precoce, em até 24 horas após a cirurgia. Em pacientes que passaram por cirurgias de grande porte no trato digestivo superior, pode haver indicação de terapia nutricional especializada pós-operatória via cateter ou sonda. Pacientes que em até 7 dias após a cirurgia não alcançarem 60% da meta nutricional por via oral também podem ser submetidos a essa intervenção1.

Portanto, em nenhuma hipótese o impacto da desnutrição em pacientes no pré-operatório de doenças gástricas deve ser desconsiderado. Dessa forma, é possível reduzir uma série de complicações, necessidade de reinternações, além de reduzir o período de hospitalização.

 

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  1. de-Aguilar-Nascimento, J. E., Salomão, A. B., Waitzberg, D. L., Dock-Nascimento, D. B., Correa, M. I. T., Campos, A. C. L., … & Caporossi, C. (2017). Diretriz ACERTO de intervenções nutricionais no perioperatório em cirurgia geral eletiva. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 44, 633-648.
  2. Mosquera C, Koutlas NJ, Edwards KC, Strickland A, Vohra NA, Zervos EE, et al. Impact of malnutrition on gastrointestinal surgical patients. J Surg Res. 2016;205(1):95-101.
  3. Williams, D. G., Molinger, J., & Wischmeyer, P. E. (2019). The malnourished surgery patient: a silent epidemic in perioperative outcomes?. Current opinion in anaesthesiology32(3), 405.
  4. Pressoir M, Desne S, Berchery D, et al. Prevalence, risk factors and clinical implications of malnutrition in french comprehensive cancer centres. Br J Cancer. 2010;102:966e971
  5. Covinsky KE. Malnutrition and bad outcomes. J Gen Intern Med. 2002;17:956e957.
  6. Stratton RJ, King CL, Stroud MA, Jackson AA, Elia M. ’Malnutrition universal screening tool’ predicts mortality and length of hospital stay in acutely ill elderly. Br J Nutr. 2006;95:325e330.Ferraz, L. F., & Campos, A. C. (2012). Nutrição imunomoduladora pré-operatória em pacientes com cancer gástrico. Nutr Clín Diet Hosp32(3), 43-6.